Amanheceu um dia lindo de sol.
De repente, o céu ganhou tons de cinza, já não se via mais a luz.
Tempestade.
Da janela ela observava tudo.
E a canção que cantarolava alegria emudeceu de tristeza.
Fechou-se juntamente com a janela do quarto, enquanto as primeiras gotas de chuva escorriam pela vidraça.
Lágrimas, tal qual gotas de chuva, molharam seu belo rosto juvenil.
O quarto em penumbra competia com os tons sombrios da tempestade.
Lá fora a fúria do vento enfrentava a resistência do velho sobrado.
– Até quando? murmurou.
Até quando a tempestade ou até quando a tristeza?
A voz ecoou em busca das respostas que poderiam acalmar seu coração.
Permaneceu alguns instantes cabisbaixa, absorta em seus pensamentos…
Há muito tempo que se refugiara no silêncio.
O som das palavras provocavam emoções que queria esquecer.
Eis que o bem-te-vi, que a visitava todas as manhãs, pousa no beiral da janela, sacode as asas e canta.
E esse cantar desperta a jovem do sono da desesperança.
E desperta.
Vê os raios do sol iluminando a alcova.
E a tempestade se despediu, levando a tristeza…