O palhaço Alegria pintou uma grande lágrima vermelha no rosto tingido de branco.

Como estampar a tristeza no rosto que deveria fazer sorrir?

Alegria foi o nome dado pelo seu mestre: o palhaço Sorriso.

Toda a arte de ser palhaço não superou a tristeza que visitava seu coração naquela data. 

Sempre naquela data.

As lembranças da separação minavam a sua energia contagiante.

Seu grande amor não estava mais presente nos minutos da sua caracterização, nos aplausos, na sua arte…

Na verdade, não estava mais nos minutos da sua vida. Daí a lágrima vermelha tal gota de sangue do coração dilacerado pela dor.

O mestre de cerimônia no centro do picadeiro, anunciou:

– Recebam o palhaço Alegria!

Olhou pela lona e viu as carinhas ansiosas dos seus fãs, enfileiradas na magia do espetáculo. Na magia do circo. 

As crianças vêm ao circo por causa dos palhaços – pensou.

Alguns dizem que é por causa dos mágicos. Outros por causa dos malabaristas, trapezistas…

O certo é que elas vão em busca da magia, dos sonhos, do imaginário, do irreal, enfim, da fantasia.

E quem melhor representa tudo isso?

– O palhaço. 

E Alegria sorriu seu melhor sorriso, transformou, como num passe de mágica, a lágrima num lindo coração e foi fazer o que sabia:

– Palhaçadas…

Afinal, eu sou Alegria!

Namastê!