E na carruagem ele, solitário, gemia e gritava por socorro…

Preso e ferido, em meio aos destroços do que fora seu objeto de ostentação preferido, conseguia ver o condutor jazia no barranco.

Seus gritos não despertavam a única pessoa que poderia ajudá-lo. 

– Será que ele morreu ou está apenas desacordado?

Podia ouvir os ecos dos seus gritos na imensidão do bosque.

Lembrou-se que havia decretado que só com sua autorização e mediante pagamento poderiam utilizar a sua estrada.

Sim, a sua estrada, da sua imensa propriedade…

Seu decreto comunicava seu poder e sua autoridade sobre aquelas terras. 

Sim, suas terras,  seu domínio…

Anoiteceu e seus esforços para escapar dos destroços tinham sido em vão. 

A dor dos ferimentos havia aumentado e minava, cada vez mais, sua prepotência e sua vaidade.

O cansaço, a sede e a fome abatiam seu orgulho e egoísmo. 

O sorriso sarcástico que frequentemente ornamentava seu semblante sombrio cedeu às lágrimas.

E que copiosas eram elas.

A arrogância se esvaía juntamente com as suas energias. 

O sangue tingiu os farrapos em que se transformaram sua elegante veste e manchou o veludo da cabine luxuosa.

Olhou suas jóias e pensou que ali, naquela situação, elas não tinham valor.

Soltou um grito, suspirou e lentamente adormeceu…

Namastê!