A água brotava das profundezas, vencendo imensas e endurecidas rochas.
Tímida, porém de uma força e de uma pureza inexplicáveis.
O jovem aventureiro agradeceu a mãe natureza e saciou a sua sede.
Ainda tinha muito que subir, para vencer a velha montanha.
Encheu o cantil e seguiu.
A escalada era desafiadora e, a cada etapa vencida, conseguia descortinar novas paisagens.
Já anoitecia. No horizonte, o sol se despedia lentamente.
Como aventureiro, ele já havia estado no topo daquela montanha várias vezes.
Olhou para a imensidão do vale e, desta vez, sentiu uma emoção diferente.
Bebeu o último gole de água do seu cantil e lembrou-se da modesta fonte:
- Ela pode ter se transformado no grande rio que serpenteia o vale.
Viu outros aventureiros chegarem e prepararem seus acampamentos para a passagem da noite.
Ele preferiu permanecer sozinho com seus pensamentos.
Todas as vezes que escalou a montanha não prestou atenção na modesta fonte.
Sempre preferiu admirar o grande rio.
Novamente a lembrança da fonte:
- A vida é feita de pequenas realizações que servem de alicerce para as grandes realizações.
E, fechando os olhos, pensou:
- Sem a pequena fonte não haveria o grande rio.
E adormeceu, sonhando em ser como a fonte que se fez rio.