A tempestade afastou a luz do lindo dia ensolarado e pintou o céu com tonalidades sombrias de cinza.

Surgiu de repente. 

E trouxe ventos, raios e trovões, que despertaram lembranças e medos.. 

A velha construção de pau-a-pique, coberta de palha, resistia bravamente à fúria da tempestade. 

Na simples palhoça, José pediu a Joana, sua esposa, que reunisse Maria, a filha mais velha, e Marta, a caçula. 

O medo de trovões acompanha Joana, desde de pequena, quando ela perdeu a sua casa para as águas e para os ventos, numa noite de tempestade. 

José, naquela noite de tempestade, segurou mais forte do que de costume a mão de Joana e envolveu-a, juntamente com as filhas, num forte e caloroso abraço.

Fechou os olhos e começou a rezar a “Ave Maria”.

Sentiu-se mais forte ao ouvir que toda a sua família estava unida em oração. 

Olhou para a cruz de madeira pendurada na parede e lembrou-se do Divino Mestre.

Lembrou-se, também, da história que sua saudosa mãe contava nos dias de temporais e de vendavais.

Com uma voz doce, narrava que Jesus havia acalmado a tempestade, repreendendo o vento e aquietando as ondas.

Sempre terminava com a mesma pergunta, olhando nos seus olhos:

– Como está o poder da sua Fé diante da força da tempestade?

Sorriu e apertou os seus três amores junto ao peito e disse em voz alta:

– Juntos e na nossa Fé somos uma fortaleza e nada vai nos atingir, pois unidos somos mais fortes.

Fechou os olhos e começou a rezar o “Pai Nosso”, seguido, novamente, pelos seus amores.

Uma paz visitou seu coração e, por alguns instantes, esqueceu a tempestade.

Abriu os olhos e passeou o seu olhar pelos seus três amores. 

Joana, que naquele momento não conseguia conter as lágrimas e o medo, era uma mulher determinada e forte. Sua bondade e seu amor Incondicional eram o alicerce da sua força.

Maria era uma jovem corajosa, calma e comportada. Permanecia com os olhos atentos e a cabeça recostada no coração do seu querido pai e podia sentir, no seu coração, segurança e paz.

A pequena Marta, que andava sempre distraída e afobada, não conseguia se aninhar completamente naquele abraço e permanecia inquieta e ansiosa.

Sorriu e refletiu:

– Ansiedade, distração e medo não combinam com amor, paz, força, coragem e fé. 

A tempestade foi perdendo força e a velha casa ganhou mais uma batalha.

Suas três joias estavam adormecidas.

Preparou-se para descansar, após uma longa noite de vigília. 

Deitou e, antes de adormecer, pensou:

– Hoje, mais do que ontem, sei que, após a tempestade, surgirá um novo dia de sol…