Lá estava ele na posição de Lótus, com as mãos unidas na altura do peito, na frente do Buda dourado.

Certamente em oração, profundamente relaxado, em equilíbrio, em paz.

Eu, ansioso, agitado, cheio de expectativas…

Aproximei-me com cuidado e sentei na almofada, que estava ao lado do monge.

O silêncio chegava a ser perturbador.

Ruídos são parte da minha rotina.

O silêncio representava o novo, que para mim, significa mudança.

E mudanças são perturbadoras.

Geram ansiedade, agitação, expectativas…

O monge permanecia imóvel. Em profundo e assustador silêncio.

Comecei a ficar incomodado naquela desconfortável almofada.

Entretanto, era necessário aguentar o desconforto.

Afinal, foram meses de espera para conseguir aquele encontro.

Pensei: quem sabe a espera não era um teste.

Novamente ansiedade, agitação, expectativas…

Comecei a acreditar que a minha paciência, ou quem sabe a minha impaciência, estava sendo testada.

Todos que me conhecem identificam de imediato minha impaciência.

Daí a minha constante agitação, meu constante desassossego…

                   

Comecei a sentir os efeitos daquele ambiente e a minha agitação diminuiu de intensidade e pude escutar o suave som das águas de uma pequena fonte no canto do salão.

Incrível! exclamei.

Finalmente alguns instantes de quietude…

O silêncio já não se fazia assustador.

Lembrei do amigo que conseguiu o encontro com o monge e do seu habitual conselho:

  • Reserve um tempo do seu dia para fechar os olhos e respirar, na paz do silêncio.

Resolvi seguir o seu conselho, enquanto aguardava a entrevista.

Olhei novamente para o monge que permanecia na mesma posição.

Calmo, sereno,em silêncio.

Fechei os olhos e procurei sentir a minha respiração.

Pensamentos de preocupação foram diminuindo.

A agitação foi dando lugar a uma calma que eu jamais havia experimentado…