Não sei quanto tempo passou.

A impressão é que adormeci e despertei de um sono profundo e reparador.

Nunca havia sentido esta sensação.

A ansiedade, a agitação, as expectativas eram minhas companheiras de dia e de noite.

Amanhecia sempre cansado.

E cansado, ansioso, agitado seguia na minha rotina, dia após dia.

Refleti: apesar do sucesso profissional e de certa forma pessoal, não estava feliz, realizada, pleno.

Uma sensação de vazio de tristeza visitou minhas reflexões e uma pergunta surgiu, de certa forma provocativa e pertubadora:

  • O que fazer para mudar a minha vida?

Mudar?

Mudar remete sempre à ansiedade, agitação, expectativas…

Mudar para mim não é apenas sair da zona de conforto. Significa vencer medos.

Pela primeira vez me vi frente a frente com o desafio de superar meus medos.

E encarar o mais desafiador deles:

  • O medo da mudança.

Olhei novamente para o monge e observei que ele ainda permanecia na mesma posição.

E, inexplicavelmente, a calma, a serenidade,o silêncio não me perturbaram mais.

Perguntei em voz alta:

  • O que está acontecendo comigo?

A única palavra que veio foi:

  • Mudança.

O monge abriu os olhos e um largo sorriso.

Seu semblante irradiava paz e felicidade.

Levantou-se lentamente.

Voltou-se totalmente para mim e, mantendo as mãos unidas na altura do peito, exclamou com uma voz serena e suave:

  • Nosso encontro atingiu o mais sagrado propósito na jornada da Autorrealização – o Autodescobrimento.

E com uma reverência, pronunciou solenemente:

  • Namastê!

E, calmamente, retirou-se do salão.