O silêncio se fazia presente no belo jardim, com suas nuances de serenidade e de paz.

A beleza das rosas refletia grandeza e ao mesmo tempo simplicidade.

Havia um amálgama de aromas e de perfumes.

Verdadeiro bálsamo para os que desfrutavam daquele recanto.

E o silêncio reinava absoluto.

Nem mesmo os cânticos religiosos, entoados na nave central da catedral, ousavam interromper a quietude.

Sentada no velho banco de pedra, a jovem não conseguia silenciar os ruídos dos pensamentos recorrentes e das emoções desordenadas.

Medos e inseguranças a impediam de relaxar, apesar da calmaria exterior. 

Dor e sofrimento haviam tomado de assalto a sua vida.

Tristeza e melancolia roubaram o colorido alegre e leve dos dias da sua mocidade.

Temia o futuro, aprisionada ao passado.

Pesarosa, abaixou lentamente a cabeça e chorou.

De repente, percebeu um vulto e uma linda rosa branca foi gentilmente colocada no seu colo.

Levantou-se, meio assustada, meio curiosa, e viu, a sua frente, um senhor com um lindo sorriso acolhedor.

O ancião, com uma voz grave e suave, falou:

  • Eu sou o jardineiro da catedral.

E, antes que a jovem falasse, acrescentou:

  • As rosas brancas simbolizam pureza, paz e espiritualidade.

Olhou fraternalmente para a jovem e fez uma recomendação respeitosa e carinhosa:

  • Assim como as rosas que, silenciosamente, oferecem ao mundo beleza e perfume, nós precisamos nos recolher no silêncio do nosso coração para ouvir a Voz de Deus e oferecermos, plenos de Amor, a beleza e o perfume da Felicidade, nos diversos jardins da Vida.

Inclinou-se, por breve instante, com elegância e respeito, diante da jovem.

O tilintar dos sinos da Catedral anunciaram, com suas rítmicas badaladas, o término dos cânticos e, quem sabe, o começo de novos tempos.

E o velho jardineiro afastou-se calmamente, deixando a jovem em profundo silêncio, com um brilho radiante no olhar e com a alma plena de esperanças…