A mestra adentrou o grande salão onde discípulos e visitantes a aguardavam.
Todos, em sinal de respeito, ficaram de pé e a cumprimentaram com um vibrante e quase uníssono “Namastê”.
A mestra sorriu um sorriso acolhedor e retribuiu a saudação:
– “Namastê”!
Sentou-se e permaneceu atenta às apresentações protocolares.
Havia um clima de curiosidade provocado, em parte, pela expectativa do tema a ser apresentado, até então não revelado, e por um embrulho, envolvido num lindo tecido de seda laranja.
A cor do embrulho por si só chamava a atenção.
O que havia no seu interior, entretanto, era um mistério.
☆
Terminado os atos protocolares, a mestra permaneceu sentada, em profundo e desafiador silêncio.
À medida que o tempo passava, a curiosidade e a inquietação de certa forma aumentavam.
De repente, dois auxiliares entraram com uma mesa e alguns frascos com tintas coloridas.
A mestra se levantou e caminhou vagarosamente até a mesa.
A cada passo lento e quiçá calculado para aquele momento, as inquietações, geradas pela curiosidade, aumentavam.
Finalmente ela parou próximo à mesa.
Colocou o embrulho no centro da mesa e começou a abri-lo.
Desembrulhava também vagarosamente, com movimentos tão lentos que pareciam executados em “slow motion”.
.À curiosa e inquieta plateia só restava aguardar.
☆
Primeiro ensinamento, disse solenemente a mestra:
– A atitude mental é essencial na busca do Autoconhecimento e da Autorrealização.
E prosseguiu:
– A mente inquieta não permite que a Consciência se manifeste.
Silenciou e retirou vários papéis brancos, que ela apresentou como sendo mata-borrões.
Colocou-os na frente de cada frasco com tinta e olhou para a plateia, que finalmente conseguiu “matar” a curiosidade com os mata-borrões.
Afinal o mistério do embrulho havia sido revelado.
☆
Com gestos calmos e sem pressa, foi derramando cada frasco de tinta nos mata-borrões.
Após terminar de derramar o último frasco de tinta, disse:
– Nossa mente funciona como um mata-borrão, conhecido também como papel-chupão.
E prosseguiu com uma voz suave:
– A mente absorve as cores dos pensamentos, coloridos por energias diversas.
Fez uma longa pausa e perguntou:
– Com quais cores temos colorido o nosso mata-borrão?