A mestra adentrou o grande salão onde discípulos e visitantes a aguardavam.

Todos, em sinal de respeito, ficaram de pé e a cumprimentaram com um vibrante e quase uníssono “Namastê”.

A mestra sorriu um sorriso acolhedor e retribuiu a saudação:

–  “Namastê”!

Sentou-se e permaneceu atenta às apresentações protocolares.

Havia um clima de curiosidade provocado, em parte, pela expectativa do tema a ser apresentado, até então não revelado, e por um embrulho, envolvido num lindo tecido de seda laranja.

A cor do embrulho por si só chamava a atenção.

O que havia no seu interior, entretanto, era um mistério. 

Terminado os atos protocolares, a mestra permaneceu sentada, em profundo e desafiador silêncio. 

À medida que o tempo passava, a curiosidade e a inquietação de certa forma aumentavam.

De repente, dois auxiliares entraram com uma mesa e alguns frascos com tintas coloridas.

A mestra se levantou e caminhou vagarosamente até a mesa.

A cada passo lento e quiçá calculado para aquele momento, as inquietações, geradas pela curiosidade, aumentavam.

Finalmente ela parou próximo à mesa.

Colocou o embrulho no centro da mesa e começou a abri-lo. 

Desembrulhava também vagarosamente, com movimentos tão lentos que pareciam executados em “slow motion”.

.À curiosa e inquieta plateia só restava aguardar.

Primeiro ensinamento, disse solenemente a mestra:

– A atitude mental é essencial na busca do Autoconhecimento e da Autorrealização. 

E prosseguiu:

– A mente inquieta não permite que a Consciência se manifeste.

Silenciou e retirou vários papéis brancos, que ela apresentou como sendo mata-borrões. 

Colocou-os na frente de cada frasco com tinta e olhou para a plateia, que finalmente conseguiu “matar” a curiosidade com os mata-borrões. 

Afinal o mistério do embrulho havia sido revelado.

Com gestos calmos e sem pressa, foi derramando cada frasco de tinta nos mata-borrões.

Após terminar de derramar o último frasco de tinta, disse:

– Nossa mente funciona como um mata-borrão, conhecido também como papel-chupão.

E prosseguiu com uma voz suave:

– A mente absorve as cores dos pensamentos, coloridos por energias diversas.

Fez uma longa pausa e perguntou:

– Com quais cores temos colorido o nosso mata-borrão?