A terra seca gritava por chuva.

Um homem simples, de passos largos e firmes, pisava aquele solo seco enquanto o vento levava a poeira da aridez para longe dos seus pés.

Quase não se via vegetação no imenso vazio.

Ao longe ele avistou os casebres de uma aldeia que emoldurava o horizonte, disputando, na tela da natureza, lugar com o belo pôr do sol.

Lentamente, aproximou-se do povoado.

Os aldeões correram na sua direção, espantados, como se tivessem avistado um fantasma.

Como aquele homem surgira do “Nada”?

“Nada” era como o povo chamava aquele deserto sem fim.

Calmamente sentou-se numa pedra e esperou que a curiosidade chegasse mais perto.

A multidão de curiosos já era grande ao seu redor.

  • Quem é esse homem? perguntavam alguns.
  • De onde ele veio? indagaram outros.
  • Como ele chegou até aqui pelo “Nada”? todos queriam saber.

As crianças queriam tocá-lo e eram contidas, afastadas pelos pais.

Os anciãos o olhavam com respeito. Afinal ele havia vencido o deserto, vencido o “Nada”.

Os jovens fitavam o semblante sereno com admiração. Era novidade.

E que novidade!

O ancião mais velho da aldeia aproximou-se do forasteiro, sentou-se ao seu lado, ofereceu água e um pedaço de pão.

  • Seja bem vindo!

E com a voz rouca balbuciou:

  • Quem é você?

Todos permaneciam em silêncio, aguardando a resposta…