De geração em geração, as vitórias e conquistas do seu povo eram registradas no Alapaj, talismã sagrado do povo Nosliw, feito de contas da Figueira do Conhecimento.

Com tamanha força segurava em suas mãos o talismã que, naquele momento, parecia ser o seu único alento em meio a tantos desafios e dificuldades.

Na rocha da Passagem permanecia paralisado, um verdadeiro prisioneiro do silêncio e de seus pensamentos.
De uma interminável e profunda melancolia.

Aquele entardecer seria diferente de todos os outros que enfrentara. Nem mesmo os ventos, num constante vai e vem nas formações rochosas colossais, pareciam distraí-lo.

Uma aguda agonia e tristeza intensa consumia a sua alma. Era como se queimasse por dentro.

Um sentimento que jamais havia experimentado.

Uma só imagem, uma só lembrança, uma só sensação preenchia seu espírito: a dor.

A dor de não ter cumprido sua promessa.
A dor de ter falhado.
A dor da decepção, do fracasso.

Por um instante, que mais parecia uma eternidade, lembrou de seu amado e venerado avô Agastyo. Homem simples e sábio, que havia feito, com suas mãos calejadas, e presenteado o então pequeno Shakti com aquele Alapaj de rara beleza e resistência.

Um sopro de alegria.

É certo que as aventuras nas terras de Nosliw marcaram Shakti, apesar de contar apenas três décadas e meia.
É certo que, mais que marcas, as aventuras de jovem intrépido e destemido moldaram um homem de honra e coragem.

O fracasso de sua última expedição alimentava o seu silêncio e a sua dor.

Suas lágrimas eram contidas pelo orgulho de pertencer a um povo corajoso e justo.

O brilho de seus olhos refletiam o desígnio de um espírito aventureiro.

O orgulho já não o cegava mais, tampouco o sentimento de arrogância o envaidecia.

Permanecia apenas o valor de suas raízes.

As conquista de seus antepassados, os bravos guerreiros dos vales e montanhas, o enaltecia e o motivava a seguir adiante.

A dor trouxe com ela um grito que ecoou:

  • Uma promessa não pode ser quebrada.

Desistir não é opção…