No centro da cristaleira, mantida limpa à perfeição, encontrava-se o antigo cálice adornado pela poeira do tempo.
Morava no velho casarão um homem austero e com fama de pouca fé e de poucos amigos.
Sua esposa, conhecedora dos mistérios dos “céus” e da “terra”, havia sido presenteada com o cálice por um homem misterioso, que havia passado por suas terras.
Na ocasião, o viajante foi ajudado pela família, após ser sido atacado e roubado, durante a sua viagem.
O único bem que restou foi o cálice, que havia caído longe das vistas dos assaltantes, por ocasião do ataque.
A consciência de homem justo aconselhou que deveria demonstrar sua gratidão pelo auxílio recebido, presenteando a família com seu único e valioso bem: o cálice.
Ao entregá-lo à dama, fitou demoradamente seus olhos e disse:
- Forjado de ouro e prata, acompanhou gerações da minha família.
Fez uma pequena pausa, como se recordasse seus antepassados, e prosseguiu:
- O ouro simboliza o Amor Divino e a prata a Sabedoria Divina.
E, em tom solene, concluiu:
- Amor e Sabedoria, tudo que nós verdadeiramente necessitamos para sermos felizes.
Sorriu e partiu.
O tempo avançou, de gerações em gerações, e o cálice permanece como testemunha silenciosa dos acontecimentos.
E, silenciosamente, segue como guardião do que é essencial:
- Amor e Sabedoria.